
A gravadora da banda carioca Cabeça de Nego está processando a Universal Music do Brasil por vender, sem autorização, um DVD com uma das composições do grupo. Na última quinta-feira (4), o Tribunal de Justiça do Rio deu vitória em segunda instância para os brasileiros, mas ainda cabe recurso.
O processo movido pela Do Gueto Produções, responsável pela Cabeça de Nego, foi iniciado em 2008. À época, os advogados da gravadora e da banda alegaram que a Universal Music Italia comercializava desde 2006 um DVD chamado "Verso sud", que continha uma regravação da faixa "Paz na terra", tocada pelo grupo italiano Negrita. Composta pelo cantor da Cabeça de Nego, Renato Biguli, a faixa não teria sido autorizada.
Em comunicado à imprensa divulgado pela assessoria do TJ-RJ, as duas gravadoras pertencem a um mesmo grupo econômico. A Universal brasileira agia em nome da estrangeira e, por isso, terá que pagar royalties à Do Gueto Produções. Procurada pela reportagem do G1 nesta sexta-feira (4), a gravadora não quis se manifestar.
Originalmente, "Paz na terra" faz parte do álbum "+ 1 arquivo", lançado no Brasil em 2003 e distribuído pela gravadora Trama — o disco conta com participações especiais de Toni Garrido, Seu Jorge, do tecladista João Fera (Paralamas do Sucesso) e do percussionista Marco Suzano.
O produtor-executivo do grupo, o advogado Alexandre Coelho, explicou que, em 2008, chegou a ser procurado pela Universal Brasil, que o informou sobre o interesse dos italianos em utilizar a música no DVD.
"Cheguei a receber alguns e-mails com solicitações para a liberação da faixaa. Antes da gravação definitiva, pedi que me mostrassem como a canção ficaria. Então, fui até a sede da gravadora, na Barra da Tijuca e me disseram que eu só teria acesso à uma cópia se assinasse um documento redigido em inglês. Indiretamente acabei sendo forçado a fazê-lo. Foi quando eu descobri que o DVD já estava sendo comercializado na Europa desde 2006. A data estava impressa no encarte. E essa cópia está comigo até hoje", explicou Coelho, que entrou com o processo contra a gravadora.
Para o cantor Renato Biguli, é bom ter o trabalho conhecido e reconhecido fora do país. Entretanto, ele lembra que a música é seu sustento e que não pode abrir mão de seus direitos enquanto compositor de "Paz na terra".
"Ser lançado em outro país é maravilhoso. Acho que a música tem mesmo que ultrapassar barreiras. Mas é chato a partir do momento em que você trabalha e não é remunerado. Se é um negócio, temos que receber por ele. Vivo da música e dependo dela. Não sei fazer nada além disso", comentou o músico, que atualmente faz parte do Monobloco